quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Um pouco de Hermenêtica

A hermenêutica é algo que vai bem mais além do que uma ciência. Sua denominação nos sugere a figura de Hermes, do oráculo de Delfos. Hermes tinha como missão anunciar as mensagens dos deuses ao povo, sendo, portanto, um mensageiro que decodificava as informações e as transmitia, traduzindo-as. Buscava então não simplesmente dizer, mas sim fazer compreender, tornar claro o anúncio. A hermenêutica, assim, torna claro o anúncio, propicia a compreensão dos fenômenos da vida. Por meio dela, compreendemos o que nos cerca.
Há, didaticamente falando, duas vertentes da Hermenêutica: a antiga e a moderna. A primeira é a Hermenêutica tradicional, em que predomina a relação sujeito-objeto, na qual a percepção do texto é apartada da nossa própria existência. Há uma objetividade na crítica literária. Há uma valorização metodológica para o compreender. Tem-se em vista um contexto realista, sendo este, no âmbito do direito, a visão da realidade tida por alguns juristas por meio de teorias para resolver os problemas da vida. Ora, a vida não é algo estático, onde teorias delimitadas possam abarcar suas vicissitudes. Creio que esse contexto realista acaba agredindo assim a historicidade ao tratar a vida de forma estatificada.
A Hermenêutica moderna explicita a necessidade de diálogo com o texto, de modo que este se revista de vida. Analisa o passado e sua desembocadura no presente. Desdobra-se na linha objetivista e na historicista. Nesta, dá-se uma maior importância ao contexto, não o realista, mas sim à questão dos horizontes. É, portanto, mais abrangente do que a mera aplicação de métodos no processo de esclarecimento. Enfatiza o direito como algo "colado" à vida do ser humano, tendo assim uma perspectiva dinâmica. Por meio da Hermenêutica não simplesmente se extrai o sentido da norma, mas sim produz-se o sentido, numa relação sujeito-sujeito.
O ponto central da Hermenêutica é compreender o significado da obra ou, para os objetivistas, é o processo de decifração, no qual adequa-se o método e a teoria. Busca-se entender o texto. Será que para compreendermos e aplicarmos algo necessitamos necessariamente de métodos? A meu ver, os métodos servem para 'esquadrinhar' a norma. Esquadrinhar sugere uma forma quadrada que é posta em algo, resultando objetos delimitados e, olha só, quadrados. Quando se fala em compreensão, não se pode enfatizar tantos os métodos. E os métodos interpretativos? O que você acha? Neste momento, por exemplo, você está utilizando que método? Não seria limitar a capacidade interpretativa e cognitiva do ser humano? O que você pensa? Será que há métodos também para pensar? :D

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