segunda-feira, 21 de setembro de 2009

É cada uma, heim?

Ao deparar-me logo cedo com essa notícia "Maioria rejeita fim do Senado", confesso que senti um certo desapontamento. Não por ter sido o Senado mantido no Brasil, mas pelo fato de termos pensado nessa possibilidade de extingui-lo. Tudo bem que devemos estar abertos a outras possibilidades e blá, blá, blá.
Porém, temos que ter uma visão mais apurada da realidade. Falou-se bastante na questão da corrupção política do órgão, da reputação nada ilibada de muitos de nossos senadores. Agora, será que a extinção do órgão é o melhor remédio, sendo este super eficaz a ponto de acabar com a corrupção? Tisc, tisc, tisc. Acho que não, heim?! Que mania é essa aqui no Brasil de tomar medidas impulsivas com tudo? A bula é a seguinte: se temos senadores corruptos, acaba-se com o Senado; se temos uma SUDENE, por exemplo, corrupta e inoperante, acaba-se com ela também. E daí por diante. "Extingue-se o mal pela raiz". Creio que o mal não está somente na planta... digamos que até mesmo o solo já está infectado. Criam-se órgãos, extinguem-se órgãos, muda-se de sistema, restaura-se sistema, e tudo, enfim, continua a mesma podridão. Que Bruzundanga! Extinguir o Senado significa ferir diretamente o princípio federativo. Como podem os Estados, sendo membros da República Federativa, não terem representação? O maior problema disso tudo, a meu ver, é o fato de se atribuir os problemas do país a um objeto só, como se com a mera extirpação desse objeto fosse a solução eficaz para todos os males. O que deve ser mudado não é o Senado, como órgão assegurado pela Constituição, e sim os senadores, que são eleitos por nós. Um pouco mais de conscientização e responsabilidade na hora das eleições seria dar uma boa adubada nesse solo tão pedregoso. Não devemos simplesmente reclamar de nossos representantes sob uma visão dualista, do bem e do mal, da vida, como se nossos representantes fossem de todo maus e a sociedade boa e indefesa.  Foi nessa 'fraqueza moral' que os militares tomaram o poder e botaram pra voar as bandas, para ser mais direta. Ter nossos Estados representados significa um traço forte da descentralização política e administrativa. Depois de tanto desgaste político, o Brasil quer retroceder?  E ainda se gaba internacionalmente como uma das maiores democracias do mundo... Eita Bruzundanga contraditória!Felizmente, uma porcentagem razoável dos brasileiros ainda considera a importância do Senado. Que isso possa servir de alerta à consciência de nossos senadores, se é que estes realmente a tenham. O texto está disponível em << http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,maioria-rejeita-fim-do-senado-revela-pesquisa,438398,0.htm >>. E você, que acha do Senado? E dos atuais senadores?

2 comentários:

  1. Em parte as argumentações são válidas.
    Realmente "fechar" o Senado é absurdamente inadmissível, mas exigir que o eleitor se conscientize é um tanto sonhador, senão utópico.
    Civilizações que convivem com a Democracia há tempo cometem erros.
    E nós brasileiros...?!
    Dizem que o brasileiro dá sempre um "jeitinho" em tudo. Quem não conhece a expressão: "jeitinho brasileiro"?
    Não seria o Congresso Nacional um retrato de nossa Sociedade? Egoísta, Egocêntrica, Descompromissada, Fatalista, "globalizada (plin-plin)"...?
    Conversaremos mais sobre isso.
    Prof. Quaresma

    ResponderExcluir
  2. Sim, seria um retrato. Assim como a Câmara dos Deputados e também a dos Vereadores. No entanto não devemos ter um posicionamento conformista com a realidade. Será mesmo que é este retrato de nós mesmos que devemos repassar para as futuras gerações? Se há civilizações que convivem com o sistema democrático e cometem erros, devemos simplesmente convir que o erro é humano e deixá-lo se perpetuar mais ainda? O "jeitinho brasileiro" é uma questão cultural, não genética. Apesar do caráter utópico do que foi dito, que adianta ao homem não idealizar o melhor? Creio que acreditar que podemos fazer alguma coisa é um ponto de partida considerável. Hoje a situação está aí, escancarada e despida de bom senso. Mas, enfim, quem sabe o amanhã, não é mesmo, Professor Quaresma?

    ResponderExcluir